terça-feira, 30 de dezembro de 2008

MAIS UMA NOITE
(Jayme Jr.) - Copyright


Tudo é noite agora
A madrugada, as horas
Tudo quebra o silêncio.
De momento, por hora
Tudo, tudo é noite agora.

A música aqui dentro do carro
É, são músicas da noite
As pessoas que passam a pé
Bem vestidas, as que de carro
É noite o carro, são noite elas.

O clima, a brisa. Coisas da noite.
Teu sorriso que vi daqui de dentro
Teu olhar que percebeu-me a passar
Tudo hoje faz a noite linda.
Infinda dentro de mim, de ti.

É noite, são noites, as noites
E esperar o dia é tão bom
Não pela manhã, ao menos hoje
Mas pra contar e entender as horas
Que passam junto com tudo, com todos.

Vai minguando a noite, madrugada
Muitos se vão, ficam, muitos ficaram
E tirando o que assusta e insiste
A noite é de quem fica, ficou
Nem que seja só pra esperar o sol.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

FICARÁS?
(Jayme Jr.) - Copyright


Você voltou
Com sua força
De mulher apaixonada
Mas sempre quieta
Esperta, mestra nessa arte.

Você não quer
Eu também não!
O que fazer então?
Vamos chorar? Perder-nos?
Tenha coragem!

Eu sei, eu também
Deveria agir
Mas é que temo tanto
Como você teme
Essa paixão, esse encanto.

Por que retornastes
Se nossos pensamentos
Iam muito bem á sós?
Se conseguimos sobrepujar
O amor, o desejo em nós?

Por que não ficou aí
Contigo, sem se arriscar?
Agora sentimos o peso
Dos olhares, desse ar
Do não se estar mais ileso.

Será que futuro há?
Será que se cumprirá?
O destino que nos disse em anexo
Que sempre nos pertencemos
Corpos, almas, sexos!




VIAJANTE ERRANTE
(Jayme Jr.) - Copyright


Continuo nessa estrada
Mesmo estando agora só
Sem prata nos bolsos, nada
Só o sol que nasce de um lado
E que ao meu sempre se põe.

Trago comigo lembranças
A saudade é o meu legado
Porque do que dizem sólido
Eu não trago, não levo nada
Nem nome, nem fé, nem espada.

Acredito que existe Deus
Isso, de tanto me transportar
De tanto estar no alheio
E não acredito em destino
Por só viver assim, só... ao meio.

Amanhã será outra cidade
Não me permito á amores
Pois minhas cores não são mais
E todos corações são como eu
Uma ilusão só, nada de mais.

Continuo nessa estrada
Não há motivos pra parada
Pra eu saltar aqui da ponte
Por faíscas assim tão tênues
Por finais que só existem em romances.



quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

DEZEMBRO DE 1945
(Jayme Jr.) - Copyright


O último mês do ano
E que ano, anos e tempos
Será um Natal de paz finalmente.
E que paz e que final... ventos
Ventos bons, sem sombras, sem bombas.

Dezembro, inverno, verão
Mundo em paz, descanse em paz Terra e Céu.
Ainda que não ficaram nem dedos
Mãos espalmadas em preces
Para trás dores, lágrimas e os medos.

Não foi somente mais um ano
Que se passou, que se arrastou
Não foram só meses de explosões
Dias de esperança que se contou
Recomeçar... espera as nações.

Dezembro de 45
O mês dos meses, dos anos
Pouco importa os séculos passados
O que se passou aconteceu antes
Destes anos, pra sempre marcados.

Terminou, eu sei que é o fim
Da violência, desumana guerra
O ano que desponta trará
A vitória da liberdade
Do nunca mais... isso é o que se espera.



quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

CANÇÃO PARA MARINA
(Jayme Jr.) - Copyright



Quando vejo você
Na rua, na praia, no prédio
No céu, no mar, nos melhores momentos
Encho-me de emoção.
Uma emoção que não pertence á mim
Parece vir dos melhores lugares
De todos os amores, de todos os andares
De todos os valores emocionais.

Tenho sua foto na minha carteira
Que foi imprimida por mim mesmo
Mas que besteira, que bobeira minha
Deixar me levar por essa emoção...
Pois poderia ponderar, voltar
No momento em que a razão pede espaço.
Mas até na razão tu és coração.

Quando vejo a mim...
Chorando sem lágrimas, pois não choro!
Encontro paz, vendo-a no meu jardim
Demoro então por ali entre idéias
E por fim uma lágrima de amor desce
Suave como suave é teu rosto, tua tez
E fico imaginando você: praia, mar, prédio...
Banho de mar, por entre algas... remédio...

Ah! Quando vejo você
Onde você não está, ou está...
Parece que existem as fadas
As amazonas aladas e perfeitas.
Onde está você agora
Além da rua, minha praia, meu prédio?
Porque hoje, sim, justo hoje
Esses meus lugares estão tão longe... que tédio...



SEDUÇÃO
(Jayme Jr.) – Copyright


No ar a sedução
Não à ação á esmo!
Porque em nós o coração
Na paixão é reto, quieto
De ambos: participação!

Dos dois pensares mútuos
Ele e ela, e contenção.
Lidam, regem a sedução
Porque é inteligente, entrementes.
Hoje nós, assim a sós, conscientes.

Teu vestido completa o mais
Perfume, beijos... seu pescoço
Novamente o teu vestido
Descobrir-te... e o redescobrir
E com você rir, rir.

Você passou na sala, um drink
Teu vai e vem sob o vestido
Esse momento, prometido...
Beijos, tua nuca... arrepios
Uma hora, e que sentido!

Vejo mais beijos na tua boca
Desliza-se ele em minhas mãos
Seda no chão a se perder
Você tão sôfrega... sedução
Eu? É a minha barba por fazer.





terça-feira, 16 de dezembro de 2008

MADRUGADA, REFÚGIO SEM SÁIDA
(Jayme Jr.) - Copyright


A madrugada é minha, só minha
E eu só, sozinho sem ninguém.
Mas o bom de se ter a madrugada
É que ela traz tanto também
Dezenas, ninguém, um alguém.

Ela, a madrugada é assim:
Ventania que se enfraquecendo
Vai, vem trazendo um outro estado
Chega ao fim... se arrefecendo
Tornando-se som de piano, moderato.

Ela, a madrugada é como um gim
Ou qualquer outra bebida forte
Que passando seu efeito: Tudo passou
Tudo é passado ao vir a manhã
Menos qualquer coisa que mais marcou.

A madrugada não deixa de ser
Escapatória, refúgio sem saída
A não ser quando uma música
Coincide com tua vinda, tua ida
Com tua passagem por mim percebida.



domingo, 7 de dezembro de 2008

YARANA A FRANCESINHA
(Jayme Jr.) - Copyright


Agora me lembro também
De quando nos conhecemos
Sem nos vermos... só o bem...
E as bandeiras que ali tecemos
Palavras ditas em letras d’além.

Você se tornou minha preferida
Digo isso agora sem saber
Se ainda sou tão querido assim
Se há algum mal, tênue intriga
Se o teu agir é sempre assim...

Gosto de ti, mulher que és
Impressiono-me contigo, artista
Desenhista, musicista... e Paris.
Perde-se de vista o possível...
Mas talvez pra ti eu seja: lousa e giz.

Talvez eu não mereça mesmo
Tua atenção, tinta e papel
Talvez algo feito, refeito, meu peito...
És distante, a viajante de ontem...
Veja o bonito infinito também.

Tamanho é o meu amor, dor...
Talvez como o teu, franco-tupi
Não pense que o teu convite esqueci
Uma noite, uma vida no Elysées.
Olha em meus olhos, veja você!





sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O DESCOBRIR DO SEM FIM
(Jayme Jr.)


Nós somos todos crianças
Somos todos eternamente meninos
Se não, olhe para dentro de si
Ó seres humanos pequeninos
Nada tem mudado, não é assim?

O que são os anos agora
Agora que o relógio parou?
O que me diz melhor se há um fim
O espelho em que diante estou?
Ou a junção do meu tempo em mim?

Eu sou, e você é montanha
Árvores duráveis, frondosas
Veja, a alegria não tem dimensão
É o universo em poesia e prosa
É cada parte a dizer: Coração!

Daqui vou eu, com paradas rápidas
Só pra deixar algo meu nos lugares
Para o infinito continuar viagem
Aos pares aqui, lá aos pares
Ser do todo semelhança e imagem.

É verdade, não tenho mais fim
Nem eu, nem você. Somos a voz.
Resta-me então ser luz, o tudo.
Sinto-me feliz por mim, por nós
Passamos a coexistir neste mundo.



terça-feira, 25 de novembro de 2008

PLANETA FERA
(Jayme Jr.) - Copyright


Aqui pela face da Terra
No alto, nos ares, lá em cima
A esfera azul, linda, pequenina.
Litosfera, hidrosfera... a Terra
Mãe humana que ainda é fera
Um pouco longe do planeta Paz.

As cores nela são tão múltiplas
Os montes, os veios dela tão velhos
Mas velho mesmo é o mar
Esse segundo mundo que espera
A calma aqui em cima na Fera.
Terra, coincidência mera? Mera Terra?

Vê que diante de tudo que sobra
A Terra não é velha, é nova
E quem me dera poder decifrá-la
Tê-la inteira nas mãos, no coração
Com todos os esforços nela em mim
Continuaria curioso assim, por ela.

O que hoje essa Terra não gera
Depois que humana ela se tornou?
Até possível foi ela ver a si
Lá do espaço sideral... bela, flagela.
Necessitando ser mais ela
Pra que a inteligência nela o seja.

Aqui pela Terra... a biosfera.
Na tela de computador a Fera.
A Terra precisa viver, respirar
Sem que sempre precise sacudir
De si terra suja, lixo espacial
Planeta Fera sim, mas livre do mal!


sábado, 22 de novembro de 2008

A EMOÇÃO A PASSAR
(Jayme Jr.) - Copyright


Tudo é emoção
Música que toca no rádio
A que toca do coração.
O vento de Pessoa a passar
E o desejar de um beijo.

Ás vezes estou mudo
Em pensamentos retido
E uma onda, um calafrio
Um veio, um rio
Passa pela minh’alma.

Quem sente a emoção
Está confinado a entender
O que nunca irá saber
Por inteiro, de uma vez.
Sua sina: amar, doer, sofrer...

Passou por plantações
Na particularidade
A emoção que dá certeza
Da existência do não privado
De que estamos todos ligados.

Como pra sempre é um beijo
Um abraço e olhares
Sei eu que emoções
Estarão soltas nos ares
Num luminar de inspiração.



sexta-feira, 21 de novembro de 2008

SOU LUZ QUANDO VOCÊ
(Jayme Jr.) - Copyright


Hoje estive pensando em você
Como estive pensando ontem
Não sei se assim pensarei amanhã
Já que intensas as coisas vão se tornando
E os dias enfraquecem o resistir.

Ontem estive pensando em você
Como estive pensando antes
Como é que pensarei em outra?
Outra é sempre outra, e você é outra
Outra manhã, outra vida em mim.

Decidi, não vou mais pensar
No que pode, poderia ser
Não vou mais pensar em você!
Não, não pensarei mais
Não mais... até o dia amanhecer.

Não quero mais com você isso, aquilo
Aquela outra é outra, não é você
O outro sonho é outro, não é o nosso
Mas querer você, acho que inda posso
E continuo te olhando, sonhando.

Por que fui me dar esse presente?
Por que escolhi viver tão demente?
Meu coração é luz e escuridão
Luz quando você, escuro quando eu
Ontem quando eu, amanhã quando você.


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

HORIZONTES
(Jayme Jr.) - Copyright


Não me entendo ainda
Pois sou calmaria
E ao mesmo tempo a ventania
Que me leva
Que me entrega á tempestade.


Não me conheço por completo
Pois o completo inexiste
Na minha vida, no coração
E nunca sei eu
Quem separou, onde ficou...


Não me diz respeito
Certas coisas no horizonte
Que não entendo e nem quero
Mas que tolero se necessário
E procuro entender...


Não me conheço, nem a ti!
E amanheço nesse mar
Onde aprendi que é melhor
Não fazer muito, assim deixar
Creia também naquela força...


E veja á mim
Que mesmo desconexo; descompasso
Estando assim pela metade
Consigo ver no horizonte
Outro horizonte que cresce a cada passo.




sexta-feira, 14 de novembro de 2008



JOÃO NINGUÉM
(Jayme Jr.) - Copyright


O dia nasceu
O sol percorreu
O seu caminho.
Passarinho a voar
A voar passarinho
Eu aqui só
Desde cedinho.


Um dia tão cheio
Tão cheio esse dia
De devaneio
De melancolia.
De estar saturado
De viver só assim
Dia afora: tudo ruim.


Dia e calor
O calor do dia
Um dia de fogo
Era o que parecia
E quem do meu lado
Comigo vivia
Foi-se de mim:e ria...


Ah! Isso não passa!
E a noite chegou
Onde é que estou?
Na rua ou na praça?
Oh! Quebraste uma asa
Desse João de Barro
Que nem tem mais casa.




terça-feira, 11 de novembro de 2008

Conto classificado em 2° lugar no Concurso “Dia dos Namorados” da Biblioteca Municipal João XXIII de Mogi Guaçu – 2006.



O CORAÇÃO E A RAZÃO NA IDADE DO AMOR

(Jayme Junior) - Copyright



Noemi apertou a campainha do ônibus. Tinha visto pelas janelas a agitação lá fora e sabia muito bem do que se tratava. Desceu num ponto bem antes do habitual. No meio da multidão de jovens estudantes com os rostos pintados de verde-amarelo viu alguns de sua sala. Olhando mais um pouco, reconheceu sua amiga Mila.
Perdendo totalmente a inibição ao lado da colega, deixou-se pintar o rosto, e junto com os demais adotou a palavra de ordem daquele momento gritando com todas as forças de seus pulmões: “Fora Collor!”.
A multidão desceu a rua e entrou na grande avenida tornando dificultoso o trânsito de veículos e chamando a atenção dos demais. Ao chegarem na praça determinada, juntaram-se a uma multidão maior, misturando-se, aumentando assim a quantidade de pessoas ali concentradas.
Um caminhão com a carroçaria aberta transformou-se em palanque. Logo colocaram em funcionamento a aparelhagem de som e tocava-se continuamente no maior volume possível a música de Caetano Veloso, “Alegria, Alegria”.
Alguns políticos locais discursaram. Bandeiras do Brasil e de partidos políticos tremulavam nas mãos de seus filiados como também nas mãos dos estudantes caras-pintadas.
No meio de tanta música, discursos aos berros, “Alegria, Alegria” de novo, gritos de “fora Collor”, um jovem aproximou-se de Noemi e Mila com uma bandeira nacional grande, a maior que se podia ver ali. Apresentaram-se, conversaram, até que ele pediu que as duas garotas o ajudasse a agitar a bandeira, imensa para apenas uma pessoa faze-la vibrar.
Um homem aproximou-se dos três jovens, depois souberam que era um vereador da cidade, e convidou-os a subirem no palanque para de lá agitarem a grande bandeira, com a finalidade de que fosse vista por mais gente possível.
Agora no palanque improvisado os três jovens juntamente com políticos, presidentes de associações de estudantes, alguns professores, dirigiam a manifestação, cantando nos microfones, gritando palavras de protesto, e agitando bandeiras.
Quase noitinha, fim dos protestos. Foram os três para um dos botecos dali matar a sede. Muita gente! Conseguiram uma mesa e sentaram-se. Continuaram a conversar, conhecendo-se mais.
Mila percebendo que Evandro simpatizava-se de uma maneira especial com a amiga, procurou em alguns momentos deixa-los a sós sentando um pouquinho em cada mesa, onde havia conhecidos. Alguns amigos de Evandro paravam em sua mesa também, conversavam rapidamente e saiam.
Noemi e Evandro trocaram seus telefones. As meninas despediram-se alegando que o horário já havia se estendido demasiadamente. Passado alguns minutos, Evandro as alcançou. Elas esperavam o ônibus para casa.
O ônibus parou após o sinal dado por elas, os três subiram; também outras pessoas que ali aguardavam-no. Noemi e Evandro sentaram-se num mesmo banco e Mila à frente deles.
Noemi inclinando-se ao banco da frente reclamou com Mila dizendo que ficaram muito tempo no bar e que com certeza sua mãe iria dar-lhe uma bronca, mesmo tendo telefonado do bar para casa. Mila virou-se, sorriu para a amiga e disse que devia ela se lembrar que já era uma garota responsável, pois já tinha dezessete.
Mila desceu no ponto de costume, não sem antes brincar com Evandro dizendo-lhe que tinha ele a missão de entregar sua amiga sã e salva em casa. Ele concordou sorrindo.
Já havia caído a noite, Noemi disse ao rapaz que a sua parada aproximava-se. O ônibus agora com bem menos gente encorajou Evandro que rápido beijou forte Noemi nos lábios. Beijaram-se novamente... enamorados... e mais uma vez, mesmo ao balanço do coletivo que corria bem.
Noemi levantou-se, apertou a campainha. Evandro levantou-se também, beijou-a novamente trazendo-a junto de si com um braço. Beijou-lhe as faces rosadas, as sobrancelhas... até que o ônibus parou e as portas se abriram. A moça desceu e o rapaz seguiu viagem.
Tinha ele que parar próximo à estação do Metrô e tomar o trem para casa, pois aquele ônibus não passava por seu bairro.
No trajeto de volta o rapaz pensara muito na garota, em tudo que
acontecera. Baixinho, dizia pra si mesmo a todo o momento: “Que linda! Que Linda...”
Passaram-se alguns dias. Noemi recebeu o telefonema que tanto esperou! Conversou por mais de duas horas com Evandro, o que deixou sua mãe irritadíssima.
No mês de Agosto daquele ano de 1992, encontravam-se sempre na saída do colégio, e logo já estavam firmemente namorando.
No dia 7 de setembro depois de assistirem ao desfile cívico em comemoração á independência, ele foi apresentado aos pais da moça e acabou ficando para o almoço.
No dia 29 do mesmo mês a Câmara em Brasília autorizou a abertura do processo de impeachment contra o presidente Collor. Logo após a votação a favor do processo que levou à renúncia do presidente em dois de outubro, Noemi, Evandro e Mila saíram mais uma vez com os rostos pintados, juntamente com uma multidão de manifestantes. Comemoravam extasiados a decisão do Legislativo. Tudo se repetia: hinos, gritos de ordem contra a corrupção, fogos, bandeiras... iam eles tomando conta das ruas e avenidas, terminando as concentrações á noitinha.
Voltando para casa, vinham discutindo sobre a iminente queda do presidente da república. Evandro dizia a todo momento que na próxima aula não deixaria de prestar contas com Emílio, professor de Matemática que durante todos os meses em que se desenrolava o escândalo político, dizia não acreditar que o presidente perderia seu mandato, alegando que no Brasil a corrupção jamais seria punida.
Noemi e Evandro jamais se esqueceram daqueles dias de passeata, de manifestações políticas que aconteceram por todo o país. Ela sempre diz a Evandro, hoje seu marido, que viver naqueles dias não era muito diferente de viver nos agitados e famosos anos sessenta, os anos de seus pais. Nunca esquecem, quando a conversa é impeachment do presidente Collor, de criticarem alguns críticos “intelectuais” da imprensa que fizeram naqueles dias irônicas citações contra os estudantes secundaristas caras -pintadas, na TV, nos jornais, dizendo que estes saíam às ruas mais para arranjar namorados do que para fazerem realmente política. Noemi sempre diz: “Ora, como milhares de jovens saindo nas ruas do país numa manifestação política genuína não haveriam de encontrar a sua outra metade ? Eu encontrei o meu amor e ainda ajudando a derrubar um presidente corrupto! A História não poderá jamais omitir a importância dos caras-pintadas naquele momento tão importante que o país vivia...”
Mila que ainda é amiga de Noemi, quando visita-lhe, ao conversarem sobre política, diz que esta pode considerar-se feliz por ter participado diretamente de um dos fatos mais importantes da vida nacional, e nunca se esquece de acrescentar o fato da amiga ter conseguido arranjar um namorado naqueles dias, namorado que tornou-se seu marido e pai de seus filhos: “Nô, eu queria tanto ter conhecido o Pedrinho naqueles dias também!”.
As músicas que fizeram sucesso naquele tempo e que eles ainda ouvem de vez em quando são “Alegria, Alegria” do Caetano, e “Eduardo e Mônica” do Legião Urbana. E nessa música do Legião, há uma frase curiosa que diz: “E quem irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?”

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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O ÚLTIMO ESCRITO
(Jayme Jr.) - Copyright


Tudo é perfeito quando te vejo
Mesmo sem beijo, sem abraço
Vejo o que não vejo quando sozinho
Coisas que só vejo quando te vejo
Quando te beijo á distância.


Tudo é tão puro e tão prematuro
E sei, pureza é algo tão relativo.
Muitas vezes a vemos onde não vêem
Mas vejo outras coisas também
Só quando te vejo e te beijo á distância.


Acho que você é um espelho
Retrovisor de clara reflexão
Talvez quando a vejo, vejo á mim
Meu passado, o que ficou pra trás
Elas, ela, seqüelas e paz.


Eu já não sei mais de mim, chorei
Eu já não sei mais de ti, mas te achei.
E agora tenho feito o que não devia
Passado por cima de tudo
Sobretudo do que é meu - por você.


Já disse que não poderia mais
Em outro escrito lido por ti.
Eu já disse que estou indo embora
E o que me importa agora é me encontrar
Então por favor me deixe - é hora!




quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O AMOR EM SI
(Jayme Jr.) - Copyright


O amor em mim
Ciclos? Permanente?
Cavaleiro Andante
É cristal é diamante.

O amor de mim
Tem, terá como teve
A poesia, canção triste
À mim demente como estive.

O amor em si
Espera-me! Quem sabe
Saia eu de mim a procurar
Outr’alma gêmea se é que há.

O amor de ti
Como outros foi incapaz
De entender que o amor em si
Contigo é se comigo estás.

O amor de ti
Como outros não pôde ver...
E o amor em si
De nós passou pra sobreviver.




segunda-feira, 3 de novembro de 2008

CIRCUITOS DO TEMPO
(Jayme Jr.) - Copyright


Eis a rapidez de um olhar
Que canaliza ao coração
A vontade, a emoção
A curiosidade de saber como é
De saber quem és, e se é possível.

A rapidez dos meses, horas
Deixa na estrada do tempo
Olhares, palavras, taras
E a vontade de eternizar
No tempo o vento, corpos, caras...

Um beijo que completa décadas
Um abraço que poderia ter sido
Um beijo, um convite, um início.
E a capa de chuva que te emprestei
E a chuva que cai diferente, sempre.

Frieza, palavras-bombas também ficam
E há quem acredite que é impossível
Num possível reencontro trazer de volta
O que é bom, o agradável; concertar
Pois que o tempo é veloz, e infinitos nós.

Há então uma chance que paira
No vento, nos anos que tecemos nós
Nas horas que passam, que virão.
Oportunidade de ver, de saber
Que somos deuses do tempo, da criação.


sábado, 1 de novembro de 2008

O QUE FICOU?
(Jayme Jr.) - Copyright




Os buquês que te dei
Verdadeiros...
Da beleza deles o que ficou?
Dos meus beijos molhados
Do meu coração, do meu amor
o que ficou?



Porque se algo ficou
para ao menos fazer sorrir
do que sobrou do nosso dia, naquela noite
eu quero saber
eu quero viver
eu quero que você
comigo compartilhe.



Das cartas de amor do começo
o que sobrou?
Podem elas ainda estarem
conectadas, simultâneas
em datas tuas, datas minhas?
Viraram já elas cinzas da parte daí?
Porque da parte daqui
elas repousam como pedras no rio
como sal nas rochas.



E as palavras, sim das palavras, aquelas...
Pelo menos terão elas ficado?
Viajens, jardim, nossas casas...
As gargalhadas, alegria nos momentos á sós...
Do que sobrou quero guardar.


Nossos momentos...
Vou procurar, eu vou colher
Quem sabe sirvam para algo?
Quem sabe eles possam
Ao menos nos dar sentimentos bons?
Mesmo eu estando aqui
e você estando aí.




TALVEZ, MEMÓRIAS
(Jayme Jr.) – Copyright



Não sei porque ás vezes
Sem que eu queira, involuntário
Penso em você
E te desejo como nunca!


Mesmo não te amando mais...
Ou será que ainda te amo?
Ou será só minha memória
Que me traz de volta ao coração?


Não sei direito, mas duma coisa sei:
É que nessas lembranças
Tenho-te novamente...
Agora numa outra dimensão.



E nessas, talvez, memórias
Vejo o quanto estou preso e você presa
Á leveza do que foi nossa Emoção
Vejo o quanto ainda nos pertencemos...


Mas infelizmente eu não sei
Quantos anos ainda passarão
Até que você se ponha como o sol
Ou até que minha memória comece a falhar.


O PERDÃO
(Jayme Jr.) - Copyright



Por que devemos perdoar?
Porque somos seres inteligentes emocionais.
Nada diferente um do outro, mas iguais.
Capazes de coisas grandes como amar
E capazes também de inocentemente
Ferir, mal-tratar, magoar.

Por que temos que pedir perdão?
Porque ofendemos inocentemente, ou não!
Na nossa busca do saber, conhecer.
Na nossa capacidade de criar fóruns
Entre nós mesmos pra experimentar
À fim de se chegar à nossa própria tese.

Mas somos oriundos da mesma Fonte
Da Fonte do saber, do conhecer.
Trazemos conosco um amor imenso
Para compartilhar, permutar... conhecer
Não num fórum de debates
E sim numa relação pura de dar e receber
.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

DE VOLTA COMIGO?
(Jayme Jr.) - Copyright


Estou de volta comigo
Sem paixão, sem você, sem nada.
Só meu coração e meu cão amigo
E pensar que andei nessa estrada
Eu e você num mundo bravo não visto.

Estou de novo ás voltas comigo
Eu e minh’alma, hoje sem perigo
Só com meus sonhos, hoje ameno
E pensar que chorei... ridículo!
Mas amei, tentei pelo menos.

Estou de volta ó lucidez!
Porque o amor debilita, aprisiona.
Mesmo o platônico, miragem, timidez.
E espero eu que venha ainda á tona
De novo um amor, novamente minha vez.

Estou de volta contigo: livre amor!
Porque amar sem ser amado é ácido
Mesmo inspirando pra’o desejável
Mesmo sendo fonte de criação.
É sal, é fel... inda que tragável...

Estou de volta mas não sei onde
Acostumamo-nos, teimosos que somos
Neste mundo de emoção bárbara
Será que consigo agora em paz, menina
Esperar dentro de mim minha sina?





segunda-feira, 27 de outubro de 2008



AMAR
(Jayme Jr.) - Copyright

É bom falar de amor...
de noite de dia...
Diante do mar, da Lua...
musicalmente... em poesia.
Mas se falares á alguém
que seja pra valer, pra querer também
o amor, a reciprocidade...
E que o desejo de amar seja de verdade!



domingo, 26 de outubro de 2008

AMOR IMPOSSÍVEL
(Jayme Jr.) - Copyright



Vou até você de tantas maneiras
E quando devo parar eu já nem sei
Se devo ficar sem mais e sem menos
Se devo sair assim como cheguei.



Não te falo diretamente o que quero
Mas deixo pegadas pra você ver
O quanto te quero, o quanto te amo
Mas sei agora, preciso esquecer.


Pensa você que eu não penso?
Que não tenho um censo, uma diretriz?
Que não sei de tua alma inda tão ingênua
Que não sei disso tudo inda sem raiz?


Eu preciso esquecer que te amo
Reencontrar-me com os anos meus
Enxergar-te como és, só uma menina
Nem que eu precise da ajuda de Deus.


Não posso mais querer tal futuro
Seria voltar num tempo não meu.
Amor dos primórdios eu sei é escuro
Quero voltar ao que sou e ao que é meu.




quarta-feira, 22 de outubro de 2008


SOBRE PESSOAS
(Jayme Jr.) – Copyright


Pessoas...
Pessoas alegram, assustam...
São como as ruas
Que ás vezes queremos reter
E outras vezes não queremos nem ver.



Mas quanto as ruas, é bem mais fácil
Não querer ter, nem abraçar
É só ficar em casa
É só ficar no quarto, só lá estar.


Mas pessoas...
Como ficar sem?
Como não ficar de bem?
Como não mandar tudo ás favas
Só para olhar, sorrir, sonhar
E lembrar sempre... sempre
Da ação de dar e receber
Entre abelhas e flores?



quinta-feira, 16 de outubro de 2008

OS TRÊS CAMINHOS À MORTE
(Jayme Jr.) - Copyright


I
Primeiro queremos viver, pra sempre
Gozar de tudo que a vida tem.
Morrer? Não! Jamais! Nem pensar!
Daí da vida, o vai e vem
O sofrer, o chorar, o desdém

II
Depois? Podemos morrer sim!
Desde que seja com um coro de anjos
Tamborins, banjos; mas lá pelo fim;
Pois antes o gozar ainda, o estar, o esbanjo
Pra partir bem. É bom! Quero Querubins!

III
Será que agora de qualquer forma
Já não há mais o medo da morte?
A filosofia que ensinou, informou, informa
E se eu for embora, que sorte!
Lá é meu lar, tudo já vi, me estorna!

O MAR É MAIS IMPORTANTE
(Jayme Jr.) - Copyright


Sempre que eu preciso
saio para o mar.
Momentos
dias cinzentos
distúrbios lá fora
aqui dentro.
Tenho que parar
pensar ou deixar de pensar,
quem sabe mesmo amar
se descubro
que foi isto que faltou.


Após aquele teu riso sucinto
tua palavra de choque
expressão de deboche,
absinto,
saí às idéias.
É assim que sempre faço
antes de dar qualquer passo.
Porque quando sobe a maré
não dá mais pé...
a medida se enche.
Então: reflexão...
Talvez o revide...
Isso, se eu não tinha que ter pago
como paguei
com prata, com ouro,
milhares em conchas;
isso, se não era eu o débil, o trágico
no final das contas.


Mas o mar
continua sendo
aos meus olhos, para as minhas idéias
espaço perene de expurgação,
celeiro de curiosidades...
para entretenimento, felicidade.
O mar para mim continua sendo
fonte de vida, de forças
no seu verde-azul
na sua imensidão.
Ele continua sendo pra mim
na sua constituição
em todos os sentidos
um mundo à parte.

domingo, 12 de outubro de 2008

POESIA DE AMOR
(Jayme Jr.) – Copyright


Eu queria tanto te ver
Sentir sua juventude de perto
Ter sua alegria
Contemplar teu rosto lindo
E sentir seu gosto no meu âmago.

Eu queria tanto te encontrar
Falar-te, abraçar-te, e o coração bater
Chorar ao ouvir tua voz
Sorrir, brincar, mostrar-te a língua.
Com a sua fala me entreter.

Como eu queria te beijar
Num beijo longo e eterno
Sentir teu corpo sob o teu vestido
Estar certo desse achado meu
Escutar de ti sobre seu tempo já vivido.

Como eu gostaria de sair
Mãos dadas com você pela cidade.
Atravessar ruas a te proteger
Dos carros, desses olhos, da maldade.
Rir, vendo você o sorvete sorver...

Sim eu queria, eu gostaria
Que fosse assim entre eu e você
Eu viveria, continuaria
Na vida de sonhos que um dia eu fiz.
Tendo você aqui do meu lado, feliz.



quarta-feira, 1 de outubro de 2008

SONETO PARA A CRIAÇÃO
(Jayme Jr.) – Copyright


Eu vou por aí pelos sete mares
Sem ter que sair de minha herdade
Sentindo as ilhas no cheiro dos ares
Povos, culturas e as alimárias.


Vou nesse vôo, mas vôo de pássaro
Alto de águia, e amor beija-flor
E tudo que sinto, tudo que faço
Viver cada vida do Criador.


Eu vou por aí vertendo desejo
Beijar como beija á noite o orvalho.
Risos, mas lágrimas sobre o que vejo:


O fim do que é verde, e estes carvalhos...
Eu vou por aí, sentindo, amando
A Natureza feita em frangalhos.



PARA UMA ENGENHEIRA
(Jayme Jr.) - Copyright

Menina que eu só vi
Em bilhetes, curtas frases
E a foto com um cãozinho...
Importante para mim.
Sorriso, frases, face, fases
Desiguais outras metades
Capaz de ir até o fim.

Menina! Que presente!
Inteligente Engenheira
Que aparece em minha frente
Quando clico em meus sonhos.

Andas só, ando só
Também sabemos até quando...
Até que em um belo aniversário
Um vento leve o calendário
Que só soube assistir:
A nossa calma
A nossa espera
A nossa alma a inquirir.




LOUCA PAIXÃO
(Jayme Jr.) - Copyright

Eu fiquei mesmo louco
De paixão de amor...
E além de tudo
Parecia não ser pouco
O vexame, o enxame tão voraz.

O dia terminava sem entardecer
E o anoitecer cortava minha carne
Desejosa de desejos
Eu sem graça sem gracejos
Sem um norte
Ao menos para a morte ou qualquer descanso.

Sim é verdade, eu enlouqueci
Por não ter, por querer, não querer
Mais veneno, mais terreno
Á fim de aterrissar
Sem perigo algum...

E a cada manhã
Ao despertar da insônia louca
Eu via você
Num vestido branco, lindo
Correndo ao meu encontro
Feito uma princesa medieval.

E quando a encontrava no abraço
Sepultava-a nos meus braços,
Sob as pedras do mar da minha loucura
Do mar de meu amor
De minha paixão.


Eu tinha você
Eu não a tinha
Eu vinha e vivia à minha procura
Eu ia e morria em minha loucura
Sob teu amor, sob tua mão
Sob aquela tua doçura.




sábado, 6 de setembro de 2008

RENOVO
(Jayme Jr.) - Copyright


Eu vivo nesse mundo
E sou igual a um passarinho
Não vôo... vôo, não tenho asas
Mas tenho um ninho feito de lágrimas
E canto quase todas as manhãs.

Eu gosto de viver
De observar minha própria vida
Eu gosto de sonhar e saber
Que não só eu, mas que todo passarinho
Sonha em sair num vôo de volta.

Estive olhando lá do alto os golfinhos
Num planar repentino ponderei
Qual das criaturas existentes
Não sou eu, não somos nós?
Já que está no coração o conhecer.

Já fui estorvo, um corvo, hoje uma pomba
Já fui uma bomba, hoje sou paz.
Fui um rapaz que em labirintos se perdia
Hoje sou homem que pensa, que faz
Que mistura-se à chama que ardia, que arde.

Vivo e sinto hoje prazer em viver
Vivo como posso, com muita intensidade
Aprendi que nada, ninguém irá morrer
Mas revivendo sempre, sempre reviver
Sem idade, sem ninho algum, e liberdade.

Eu vivo nesse mundo
Eu sou igual a um golfinho.
Golfinho do mar, passarinho do ar, amor
Eu vivo no mundo que se renova, me renovo
Para voar, pairar no ar, como um beija-flor.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A ETERNIDADE É HOJE
(Jayme Jr.) – Cpyright


Da varanda vejo de lampejo
Um corcel que passa a galopar.
E a vida é galopante como um corcel
Um carrossel incessante e música.
Círculo eterno de erros e acertos
Onde temos a dádiva
De passar de novo no ponto exato
E sobre cacos tudo refazer.

Da janela vi o que vivi
E vejo de lampejo quando espio
Da vida as inglórias, escórias
Paranóias que expio
Mas que não se vão de vez
Sempre deixando um rastro
Como um astro errante, débil
Riscando o azul do meu céu.

Quando para trás olho a paz vejo
Não posso mal falar, reclamar...
E vejo de lampejo
Que muitas vezes sou eu mesmo
Que apareço e teço um dia á semana
Que sou eu mesmo que amanheço
Pondo meu tempo na eternidade
Esta que por sacrifício já me veio.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

NENEM – (Inspirado em Isabella)
(Jayme Jr.) - Copyright


Anjinhos celestiais
Descem até o meu berço
Cantam e cantam mais
E mamãe reza um terço.

Anjinhos de batas alvas
Tiram de mim um sorriso
Trazem á mim numa salva
Brinquedos do paraíso.

Anjinhos meio levados
Falam-me e eu nem sei falar
Acordam-me em intervalos:
“É hora de mamar.”

Anjinhos, Anjinhos falaram
Que um dia irão embora
Chorei, chorei, choraram
Disseram-me: “Não será agora...”

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

TARDES DE OUTONO, INVERNO
(Jayme Jr.) - Copyright


Ficou um pouco de você
Em cada tarde de cinza
Outono, inverno tão triste
E as folhas das árvores no chão
Fazem-me lembrar daquela tarde... decepção.

Ficou muito de você
No som que ouço
De outra sorrindo, desconhecida
E as folhas das árvores ao vento
Fazem-me esquecer que fui amor... paixão, alento.

Onde ficarei eu?
E os amores, os temores meus?
Porque o frio como lâminas de aço
Fere-me o sentimento, zomba de meu passo
E a estrada fica inviável pela nevasca que cai.

Onde ficaremos nós?
Pois é você que não está!
Que não está onde estou, onde o que sou
E o inverno que outrora inspirador
Parece motor, máquina que mói o que dói.

Acho que ficou tudo de você
Em tudo que é meu, em tudo que amo
Toda sua força, tirando o que eu via
Fazendo-me perder cada crença de posse
Fazendo-me volver à cada parada do tempo.

Acho que nada ficou do que eu tinha
Só ficou mesmo você
Que eu nem sei se tive, se retive
Que eu nem sei se esteve
Junto de mim permutando o amor.
POESIA E PRAXE
(Jayme Jr.) - Copyright


Dizem que poesia é inspiração
Que brota do coração
Ou cai do céu como chuva
Repentinamente
Mas dizem também
Que nada cai do céu!
Nem dinheiro, nem flores
Nem favores...
Só mesmo chuva
E ás vezes
De granizo

Sou um ser biológico-social
Não apareci aqui pelo acaso
Eu não caí do céu!
Mas a inspiração
Que procuro para meus poemas
Se cai do céu
Só cai quando a busco
Quando uso de esforço
Mental, espiritual
Quando avanço
Quando danço
A dança da tal chuva
Quando eu mesmo ponho
A luva da inspiração

Se há um espírito de poeta
Que toma minha mão
Minha emoção
Não sei...
Eu só sei que tenho que peneirar
Separar...
Não só palavras
Mas idéias também.
Pois minha mente
É um continente
Um vasto mundo sem fronteiras
Como corredeiras
Indo em direção do mar.

Quando descobri
Que não apareci aqui pelo acaso
Quando aprendi a ponderar
E percebi
Que o edifício, o jardim, a alameda
Também não apareceram aqui pelo acaso
Aprendi
Que é preciso muito mais
Que esperar que chova
É preciso ribombar os tambores
É preciso permutar cores
Considerar valores...
E entrar na dança da chuva.


sábado, 16 de agosto de 2008

ELEGIA DE UM PESCADOR
(Jayme Jr.) - Copyright


Levantei-me antes do amanhecer
Depois de amar minha doce alemã
Mirei o mar pra que pudesse ver
O nascer daquela cinza manhã.

Juntei as redes mas fiz diferente
Hoje era ela que iria comigo
Ao barco entramos, mulher persistente
Amantes que não temiam perigo.

Já outras vezes me fez companhia
Junto à ela, maior a emoção
Mas naquela manhã o céu me traía
E desconhecia meu coração.

O vendaval veio e trouxe o terror
A morte levou-a à profundeza
Seus olhos azuis, do mar mesma cor
Fizeram-se um naquela braveza.

Ah! Tempestade demente... tão breve
Alguns minutos... sua vida levou
Rouba de mim inda hoje e me deve
A vida de quem só me deu o amor.

Quando eu deixar novamente a praia
Quando eu sair para o meio do mar
Talvez não haja tempestade que caia
Nem querubins que me façam voltar.

Ó golfinhos, sei que sentem meu pranto
Leve-o e me tragam de volta um afã
De eu conseguir do oceano outro tanto
De estar pra sempre com minha alemã.



MARUJO INTERNAUTA
(Jayme Jr.) - Copyright


Navegar é preciso
Sem necessariamente as baleias matar.
Navegar é preciso
Sem necessariamente permitir
Que o navio se quebre
E apareça uma repugnante mancha de óleo
No azul das águas do mar.
Navegar é preciso
Sem que necessariamente se eleve
A economia acima da vida,
Da fauna,
Da importância do ar.
Navegar é preciso
Nesse mundo impreciso
Que ainda subestima
A flora silenciosa que clama
E que chama ao zelo.
Navegar é preciso
Por entre esses bancos de dados
Desse mar de informações
Desses encontros e desencontros virtuais
Onde é possível aprender, educar
Onde é possível amar.
ENFIM, VOCÊ
(Jayme Jr.) - Copyright


Já não há mais chuva
Já não há mais vento
Nem mesmo há o tempo
Que me separava de ti.

Já não há em mim
Falas não ditas
Nem frases medidas
Por receio de ti.

Não há mais reticências
Nem a pergunta: será?
Não há mais dúvidas, resistências
Nesse nosso encontro, nesse nosso olhar.

Oque há, o que existe agora
É a certeza... vontade que cora
A minha cara sinsera.
Por isso, sem que eu queira, isto me desespera...

O que há então é o que faltava
Confiança em ti, nas tuas palavras
O que há é paixão, amor
E o desejo de para sempre tomá-la nos braços...
EM MEIO Á TUDO O SILÊNCIO
(Jayme Jr.)

Eu olho para o mar
Eu olho para o céu, respiro o ar
Eu olho as montanhas
Estonteantes, tamanhas
E me acalmo nos braços do silêncio.

O silêncio que sabe, que foi
O silêncio que é, e que depois
De tudo envolver, debulhar para bem
De seu perfume deixar
Separa-se só pra ser silêncio.

Eu mergulho nas águas, nos sonhos
Sinto amor, experimento o gosto
Das frutas, da terra de chuva
Retrocedo em meus atos...
É essa agitação... mas também o silêncio.

O silêncio... constante, e movimento
E num lamento perplexo eu me aquieto
Feito uma semente, um feto
Capaz agora de sair, explodir para bem
O silêncio que é, que tem... me faz isso.

O som da cascata em meio ao silêncio
E o som dessas flores sob os raios do sol
Faz o silêncio eu ouvir o bater
Do meu coração na emoção.
Sons, sons que se ouve num pseudo vazio.

Eu olho paro o invisível
Para o que sobrou de ruído débil, inteligente
Eu olho para o amor agitado mas calmo
E o silêncio se diz existir para empre
Diz-se ter sempre existido, no tudo existente.

EU TE AMO
(Jayme Jr.) - Copyright

Eu te amo
Como todo enamorado
Ama a sua amada.
Teu rosto, teus cabelos
Teu corpo
Enfim não há mesmo nada
Que eu não ame em você.

Eu te amo, eu te quero
Venero cada significado
Que resulta em você
Cada pedaço que de você
Fora ou dentro do tempo
Existe, persiste
Em projetar-me você.

Eu te amo
Mesmo se não houver mais amor
Na terra, no mar, nos sonhos
Mesmo se acabar os casais
De enamorados, apaixonados por aí
Mesmo se de repente as flores
Perderem seu perfume, suas cores
Eu te amarei, eu te amo.

Eu te amo do jeito que estou
Do jeito que eu estiver
Sendo eu mesmo, ou um qualquer
Sendo o poeta que sou
Ou que nem sou
Eu te amo nesse amor
E já não sei o que fazer, ou não fazer
Eu te amo, é o que sei melhor dizer.

Eu te amo agora
Depois de ter achado, tachado
Desprezado tua altivez
Mas tua grandeza, delicadeza, pequenez
Fez-me ver, tua humildade
E uma porção de verdade em você
Enamorei-me, apaixonei-me, você vê?
Eu te amo.

ESPERANDO TUA VOLTA

(Jayme Jr.) - Copyright



Onde está você?
Que não vem
Que não veio
Que me partiu ao meio
Quando partiu.

Eu estou aqui sempre
À espera
À deriva em meu sentimento
Talvez por ser por demais alento
Talvez por esse tempo
Mas aqui estou sempre.

As ondas do mar
Troxeram-me uma garrafa
Dentro dela um escrito... insignificante
Brincadeira de infante
Pensei em ti... brincadeiras no mar, lembra?

Então, num lamento profundo
Pedi aos deuses, ao mundo
Que despertassem você
E que você venha
E que você volte
Por mar, ar... por sorte, mas venha.

Onde está você?
Lembre-se do que fomos, do que somos
E volte!
Espero-te em meio á plantações
Em corações que fecundamos
Em corações que cultivamos. Volte!