terça-feira, 30 de dezembro de 2008

MAIS UMA NOITE
(Jayme Jr.) - Copyright


Tudo é noite agora
A madrugada, as horas
Tudo quebra o silêncio.
De momento, por hora
Tudo, tudo é noite agora.

A música aqui dentro do carro
É, são músicas da noite
As pessoas que passam a pé
Bem vestidas, as que de carro
É noite o carro, são noite elas.

O clima, a brisa. Coisas da noite.
Teu sorriso que vi daqui de dentro
Teu olhar que percebeu-me a passar
Tudo hoje faz a noite linda.
Infinda dentro de mim, de ti.

É noite, são noites, as noites
E esperar o dia é tão bom
Não pela manhã, ao menos hoje
Mas pra contar e entender as horas
Que passam junto com tudo, com todos.

Vai minguando a noite, madrugada
Muitos se vão, ficam, muitos ficaram
E tirando o que assusta e insiste
A noite é de quem fica, ficou
Nem que seja só pra esperar o sol.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

FICARÁS?
(Jayme Jr.) - Copyright


Você voltou
Com sua força
De mulher apaixonada
Mas sempre quieta
Esperta, mestra nessa arte.

Você não quer
Eu também não!
O que fazer então?
Vamos chorar? Perder-nos?
Tenha coragem!

Eu sei, eu também
Deveria agir
Mas é que temo tanto
Como você teme
Essa paixão, esse encanto.

Por que retornastes
Se nossos pensamentos
Iam muito bem á sós?
Se conseguimos sobrepujar
O amor, o desejo em nós?

Por que não ficou aí
Contigo, sem se arriscar?
Agora sentimos o peso
Dos olhares, desse ar
Do não se estar mais ileso.

Será que futuro há?
Será que se cumprirá?
O destino que nos disse em anexo
Que sempre nos pertencemos
Corpos, almas, sexos!




VIAJANTE ERRANTE
(Jayme Jr.) - Copyright


Continuo nessa estrada
Mesmo estando agora só
Sem prata nos bolsos, nada
Só o sol que nasce de um lado
E que ao meu sempre se põe.

Trago comigo lembranças
A saudade é o meu legado
Porque do que dizem sólido
Eu não trago, não levo nada
Nem nome, nem fé, nem espada.

Acredito que existe Deus
Isso, de tanto me transportar
De tanto estar no alheio
E não acredito em destino
Por só viver assim, só... ao meio.

Amanhã será outra cidade
Não me permito á amores
Pois minhas cores não são mais
E todos corações são como eu
Uma ilusão só, nada de mais.

Continuo nessa estrada
Não há motivos pra parada
Pra eu saltar aqui da ponte
Por faíscas assim tão tênues
Por finais que só existem em romances.



quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

DEZEMBRO DE 1945
(Jayme Jr.) - Copyright


O último mês do ano
E que ano, anos e tempos
Será um Natal de paz finalmente.
E que paz e que final... ventos
Ventos bons, sem sombras, sem bombas.

Dezembro, inverno, verão
Mundo em paz, descanse em paz Terra e Céu.
Ainda que não ficaram nem dedos
Mãos espalmadas em preces
Para trás dores, lágrimas e os medos.

Não foi somente mais um ano
Que se passou, que se arrastou
Não foram só meses de explosões
Dias de esperança que se contou
Recomeçar... espera as nações.

Dezembro de 45
O mês dos meses, dos anos
Pouco importa os séculos passados
O que se passou aconteceu antes
Destes anos, pra sempre marcados.

Terminou, eu sei que é o fim
Da violência, desumana guerra
O ano que desponta trará
A vitória da liberdade
Do nunca mais... isso é o que se espera.



quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

CANÇÃO PARA MARINA
(Jayme Jr.) - Copyright



Quando vejo você
Na rua, na praia, no prédio
No céu, no mar, nos melhores momentos
Encho-me de emoção.
Uma emoção que não pertence á mim
Parece vir dos melhores lugares
De todos os amores, de todos os andares
De todos os valores emocionais.

Tenho sua foto na minha carteira
Que foi imprimida por mim mesmo
Mas que besteira, que bobeira minha
Deixar me levar por essa emoção...
Pois poderia ponderar, voltar
No momento em que a razão pede espaço.
Mas até na razão tu és coração.

Quando vejo a mim...
Chorando sem lágrimas, pois não choro!
Encontro paz, vendo-a no meu jardim
Demoro então por ali entre idéias
E por fim uma lágrima de amor desce
Suave como suave é teu rosto, tua tez
E fico imaginando você: praia, mar, prédio...
Banho de mar, por entre algas... remédio...

Ah! Quando vejo você
Onde você não está, ou está...
Parece que existem as fadas
As amazonas aladas e perfeitas.
Onde está você agora
Além da rua, minha praia, meu prédio?
Porque hoje, sim, justo hoje
Esses meus lugares estão tão longe... que tédio...



SEDUÇÃO
(Jayme Jr.) – Copyright


No ar a sedução
Não à ação á esmo!
Porque em nós o coração
Na paixão é reto, quieto
De ambos: participação!

Dos dois pensares mútuos
Ele e ela, e contenção.
Lidam, regem a sedução
Porque é inteligente, entrementes.
Hoje nós, assim a sós, conscientes.

Teu vestido completa o mais
Perfume, beijos... seu pescoço
Novamente o teu vestido
Descobrir-te... e o redescobrir
E com você rir, rir.

Você passou na sala, um drink
Teu vai e vem sob o vestido
Esse momento, prometido...
Beijos, tua nuca... arrepios
Uma hora, e que sentido!

Vejo mais beijos na tua boca
Desliza-se ele em minhas mãos
Seda no chão a se perder
Você tão sôfrega... sedução
Eu? É a minha barba por fazer.





terça-feira, 16 de dezembro de 2008

MADRUGADA, REFÚGIO SEM SÁIDA
(Jayme Jr.) - Copyright


A madrugada é minha, só minha
E eu só, sozinho sem ninguém.
Mas o bom de se ter a madrugada
É que ela traz tanto também
Dezenas, ninguém, um alguém.

Ela, a madrugada é assim:
Ventania que se enfraquecendo
Vai, vem trazendo um outro estado
Chega ao fim... se arrefecendo
Tornando-se som de piano, moderato.

Ela, a madrugada é como um gim
Ou qualquer outra bebida forte
Que passando seu efeito: Tudo passou
Tudo é passado ao vir a manhã
Menos qualquer coisa que mais marcou.

A madrugada não deixa de ser
Escapatória, refúgio sem saída
A não ser quando uma música
Coincide com tua vinda, tua ida
Com tua passagem por mim percebida.



domingo, 7 de dezembro de 2008

YARANA A FRANCESINHA
(Jayme Jr.) - Copyright


Agora me lembro também
De quando nos conhecemos
Sem nos vermos... só o bem...
E as bandeiras que ali tecemos
Palavras ditas em letras d’além.

Você se tornou minha preferida
Digo isso agora sem saber
Se ainda sou tão querido assim
Se há algum mal, tênue intriga
Se o teu agir é sempre assim...

Gosto de ti, mulher que és
Impressiono-me contigo, artista
Desenhista, musicista... e Paris.
Perde-se de vista o possível...
Mas talvez pra ti eu seja: lousa e giz.

Talvez eu não mereça mesmo
Tua atenção, tinta e papel
Talvez algo feito, refeito, meu peito...
És distante, a viajante de ontem...
Veja o bonito infinito também.

Tamanho é o meu amor, dor...
Talvez como o teu, franco-tupi
Não pense que o teu convite esqueci
Uma noite, uma vida no Elysées.
Olha em meus olhos, veja você!





sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O DESCOBRIR DO SEM FIM
(Jayme Jr.)


Nós somos todos crianças
Somos todos eternamente meninos
Se não, olhe para dentro de si
Ó seres humanos pequeninos
Nada tem mudado, não é assim?

O que são os anos agora
Agora que o relógio parou?
O que me diz melhor se há um fim
O espelho em que diante estou?
Ou a junção do meu tempo em mim?

Eu sou, e você é montanha
Árvores duráveis, frondosas
Veja, a alegria não tem dimensão
É o universo em poesia e prosa
É cada parte a dizer: Coração!

Daqui vou eu, com paradas rápidas
Só pra deixar algo meu nos lugares
Para o infinito continuar viagem
Aos pares aqui, lá aos pares
Ser do todo semelhança e imagem.

É verdade, não tenho mais fim
Nem eu, nem você. Somos a voz.
Resta-me então ser luz, o tudo.
Sinto-me feliz por mim, por nós
Passamos a coexistir neste mundo.