segunda-feira, 23 de maio de 2011

BAGDÁ

Resta-me um tempo
para um poema inda sem tema
nesse momento, agora.

Resta-me a fauna, a flora
e tudo que sobrou depois
da bomba, da surdez, da glória.

Só não sei; não vejo onde estão
o verde, a vida, o coração
porque há; esse mundo é grande.

Mas resta-me um tempo
num espaço de gritos, de lamentos
de cegueira, de poeira e sangue.


(Jayme Jr.) - Copyrightt

terça-feira, 17 de maio de 2011

POESIA SIMPLES

Eu nunca feri ninguém
mas sempre fui ferido.
Se fui querido ou preterido
fui só mais um no mundo.

Nunca desdenhei ninguém.
O ser humano que tenho?
Ou o desumano?
Redesenho como já desenhei.

Corri por essa vida a sonhar
retrocedi, não voltei - segui
Não imaginava que um dia
aqui eu chegaria e cheguei.

Eu sempre quis o bem
Sim é verdade
eu quis você também
mas vê, tudo quer a quem.

Sempre quis e ainda quero
ir além do que espero
ir além do mundo...
Não quero e nunca quis seu mal.


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LOBISOMEM

A lua cheia
se faz tão cheia
na mata escura
iluminada.

Lua amarela
uma rodela
no céu azul
desta noitada.

Lua que faz
mover o mundo
que chama coisas
lá do profundo.

E ser um homem
na mata escura
que tem na lua
uma vida inteira

É ser um homem
que vê a lua
a moça nua;
mas não achei-a.


(Jayme Jr.) - Copyright

quinta-feira, 5 de maio de 2011

PERDIDOS

O amor chega a ser engraçado
sofremos quando amamos, e não amados.
Não ligamos muito pra quem talvez nos ame
pra quem ali nos faz agrados.
Somos bem a 'Quadrilha' de Drummond...
Somos muito mais perdidos que achados.

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

UM ESCRITO

Escrevo como escreve o universo
com tinta de vida
na frente e verso
da própria vida,
do avesso total.
Pois se cada minuto que passa eu vejo
sou então cada momento que for,
cada momento que eu pôr
tudo que tenho, que sou no pulsar.
Eu me faço existente
numa torrente de vida
numa seqüencia de ar, de água, de terra...
de espaço com órbitas e colisões impensáveis.
Porque somos mais que terra, água e ar...
somos também fogo
nesse jogo cósmico de luzes e anos luzes,
de vazios fugazes.
Escrevo como escreve o universo
Com tinta de vida,
de vícios, de vidros
na frente e verso
da grande alma pulsante.
Escrevo com o azul, com o verde, o marrom...
Com o amarelo do sol
Com o cinza da lua,
Com as cinzas das coisas,
Com o coração e corações.
Escrevo com o vermelho de sangue...

(Jayme Jr.) -Copyright

GRITO

Não deve haver nesse mundo
Um quintal, um fundo
Onde tudo se reconcilia.

Isso porque se fere
Sangra quem foi ferido
Em despeito, em covardia.

Não deve haver ainda
Iraque, Israel e Palestina
Nem América e seu destino.

Isso porque sangue
E igualmente suor e lágrimas
Sugam da menina, do menino.

E quando houver um quintal
Organizado e que insista
De verdade para a paz

A morte provocada
Por soldado ou terrorista
Desaparecerá.


(Jayme Jr.) - Copyright

REFORMA E PAZ

Vertigem
Viagens
Satisfação.
Quando do poder
Faz-se uso
Usura
Corrupção.

Política
Mítica
Populistas.
Uso ilegal
Distorção mental
De idéias...
Cíclicas.

Pátria
Párias
Ficha suja.
O caráter abaixo
Do nível da lei
Do nível do mar:
Ele se sobrepuja!

A reforma
Ainda morna
Nos palácios.
A escora
As escórias.
Remoção?
Nada fácil.

País!
Pai!
Paz?
Elejam aos palácios
Aos poderes
Quem a faz!


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