segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A CALMA DA VIDA
(Jayme Jr.) - Copyright



Se temos que morrer nessa vida
Que vivamos então ao máximo
Que fluamos com energia total
À todos que estão e também se vão
À tudo que venha como um bem ou mal.

Se durante a vida temos que chorar
Que depois de expelir a tristeza
Que depois de com lágrimas regar
Cada esperança que não se intimida
Venhamos a sorrir, dar as mãos, amar.

Porque uma poesia não vem do nada
E quando vem dum choro melancólico
Vem ela sim com especial missão
De secar as lágrimas dos rostos
Levar às fomes certo tipo de pão.

Porque os sonhos se realizam sim!
E quando alguém que amastes foi embora
É porque um milhão de amores virão
Sobre ti, tua cabeça; que nem pétalas
Derramadas por alguém dum avião.

Se temos que esperar uma vida inteira
Por aquele, aquela, aquilo outro:
A espera também faz parte do mundo
Silencioso que não conhecemos
Com seus mil botões desabrochando tudo.

E o que é a espera? Mesmo de anos!
Se a própria vida esperou por milênios
Para harmonizar, raiar sua beleza
Pra nós que estamos a aprender
A amar, ser o que se quer, ter a leveza.



COISAS
(Jayme Jr.) - Copyright


Meu poema que não é meu
Meu caderno de escrevê-los
Meu caminho pela vida
Que traçei tentando moldes
Que só pude ser eu mesmo.

Meu sonho que não é meu
Minha dor por ter perdido.
Minha alegria por descobrir
Que se perde o que se quer perder
Que se tem o que não se espera ter.

Minha casa que não é minha
Meu celular que só recebe
Minha cachorra que ri pra mim.
E risos silenciosos agora
Depois que chorei tanto de se ver.

Meus anos que não são meus
Minha semana de duas horas
Minha aliança numa caixinha
Guardada porque aliança é pacto
E cactos matam a sêde onde há.

Meu amor que não é meu
Minha paixão por todas elas
Meu corpo hoje quase etéreo
Porque todos se transformam
Tudo! A hora e a porta de se passar.

Tudo que é meu não é meu
Inda não sei o que é ter posse
Até a alegria da vida em mim
Extravasa-se de mim pra fora
Até meu eu é um eu que não é meu.


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

LÁSTIMAS
(Jayme Jr.) - Copyright


Folhas secas ao chão descansam
E não servem pra mais nada
Essa enxurrada em meu coração
Sem que eu queira aduba dúvidas.

Ah, como queria não relembrar
No que já foi, já era! Páginas!
Mas aprendi que não é assim
Sempre as marcas, memória, lástimas.

Ficarei calmo depois da calma
Esperando que algo em mim fique certo
Ah, que as lembranças de nosso passado
Suba, suma, atravesse este teto.

Não é justo que você ainda esteja
Em cada célula de meus pensamentos
Em cada lágrima distraída em saber
Que toda tristeza é você regressando.

Qual é a vantagem em ser sensitivo
Ou mesmo ser o ser do raciocínio?
Pois o amor, essa identidade nossa
Escapa e atormenta á nós que sentimos.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

ÚLTIMA POESIA
(Jayme Jr.) - Copyright


Eu já fiz de tudo
Não consigo deixar
De gostar de amar
De penar por quase nada.

Eu nem sei o que quero
O que espero disso que há
Aqui em mim, no sem fim
Solto no ar, preso por ti.

Não sei o que será de mim
Só que sair não consigo
Nem ficar só comigo assim
Não vivo se vejo teu rosto.

E quando vejo teu corpo
E quando ouço teu riso
Que não ouço, que não vejo
Por dentro me petrifico.

Já disse pra mim, pra eles
Que não mais queria
Que não sofreria mais
Já que no mais é só ilusão.

Eu já disse ao céu...
E aquilo que mais me dói
É tu não saberes
O que fazer, não fazer.

Ah! Se tu fosses mais tempo
Ao menos, menos pouco
E deixasses o muito ao vento
Eu poderia trazer o todo.

Tu longes me deixas cego
Fico a desconhecer teu amor
Procuro o meu que não te nego
E abraço triste o teu descaso.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

ESSA VIDA
(Jayme Jr.) - Copyright


A vida é sol
Frágil e também é escolta.
A vida é um Everest
É um Gólgota.

Apresenta-se como estrada
É um bêco, ladeira
É um mar amargo
Um rio doce sem água sem beira.

Nela, aquela luz
Que tantos falam que se tem
São luzinhas de árvore de Natal
Com hora pra brilhar e à quem.

Vai ela se esvaindo
Misturando-se ao ambiente
Mais preferida que a morte
Sua inimiga, amiga de eternamente.

Vai ela sendo retirada
Como se essa, a deste
Pertencesse á aquele
Ao desastre, á peste.

A vida também é lição
Para quem vive, bebe dela
Pra quem não vivia e passa a viver
Ao ver que também é suave, singela.

Apresenta-se, esconde-se
Dá de presente, toma e sai
Multiplica, subtrai, soma
Se eleva com áqueles, com estes cai.

Vai ela ensinando o sábio
Cegando ainda mais o estulto.
É ela a somatória de ais
Carbono, minerais, Fôlego oculto.

Vai ela fazendo-se conhecer
Na vida dos que são de verdade
Na labuta de pessoas de luta
Ponta do iceberg no insight.

Ela é o meu, o teu vício
O início e o fim de algo bom
Ela é o saber, o não conhecer
Do que será depois, do que será do tom.


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

IDA E VOLTA
(Jayme Jr.) - Copyright


Ter que voltar para apanhar
As lágrimas, as páginas ao chão.
As lágrimas de quem delas precisará.
As páginas talvez pra eternizar.

Ter que voltar para chorar
De novo no caminho que se passou
E alí talvez durante a tempestade
Lutar, ter que ficar por quem voltou.

Ter que acreditar porque é assim...
Meu coração vazio, cheio de fé.
Tudo rever e as arestas podar
Daquilo que nem fui eu a alí plantar.

Ter que voltar para seguir novamente
E voltar de novo se assim preciso for
Verdade é que eu deveria enfrentar
Uma vez só o que se tem que aqui passar.

Na chegada ter que sentar, sorrir
Quem sabe ter a esperada folga
E a liberdade por fim lá bem mais alta
Pra quem voltou, chegou e por ela volta.