terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

POESIA MILENAR

O que tenho de manhã é um lago
E a neblina do outono nele leve.
Tenho uma vontade de viver
Às vezes quando acordo sob a neve.

Tenho a cordilheira que nos cerca
O sol a despontar no meio dela
Barulho de crianças ao redor
Do fogo que me aquece, e á elas.

O que tenho é o que tem todos nós:
O rio com seus peixes - cachoeira
Galhos em feixes, naturais enfeites
Coisas que já amavam os avós.

Tenho também o não saber
O não conhecer isso direito
Coisas que se vê e que se crê
Chuvas, uvas, um ardor aqui no peito.

O que tenho é o que sempre tive
Uma vida, um mundo que radia.
O que não tenho é algo que sinto
Que falta, que já tive algum dia.

Mas se estar além do mar imenso
É diferente do nosso aqui viver
Ficarei no meu mundo oriente
Mesmo sem saber - até morrer.



(Jayme Jr.) - Copyright

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

VIVER

Porque viver é o percorrer
Do astro gasto no espaço
Incandescência, e até demência
Vento á tremular no mastro.

Porque viver é muito mais
Do que sonhar, do que pensar
Do que ficar só planejando
Quando a hora é, a de raiar.

Porque viver é esperar
O completar do círculo
Pra novamente circundar
Reiniciar dum ponto, ou risco.

Porque viver é, ao acordar
Compreender a hibernação.
Saber que o começo é agora
Que o tempo é já - a construção.

E se viver tem mil porquês
É porque viver é algo assim:
Mágico, trágico; trágico, mágico
Como já disse: círculo sem fim.

E num girar de tantas órbitas
Viver é interferir na vida.
Sem o equilíbrio é impossível
Fazer das flores horas vividas.

Porque viver vem de surpresa
Surpreendemos quando vivemos
No percorrer do vento-brisa
É em viver que aprendemos.

(Jayme Jr.) - Copyright