quinta-feira, 21 de agosto de 2008

NENEM – (Inspirado em Isabella)
(Jayme Jr.) - Copyright


Anjinhos celestiais
Descem até o meu berço
Cantam e cantam mais
E mamãe reza um terço.

Anjinhos de batas alvas
Tiram de mim um sorriso
Trazem á mim numa salva
Brinquedos do paraíso.

Anjinhos meio levados
Falam-me e eu nem sei falar
Acordam-me em intervalos:
“É hora de mamar.”

Anjinhos, Anjinhos falaram
Que um dia irão embora
Chorei, chorei, choraram
Disseram-me: “Não será agora...”

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

TARDES DE OUTONO, INVERNO
(Jayme Jr.) - Copyright


Ficou um pouco de você
Em cada tarde de cinza
Outono, inverno tão triste
E as folhas das árvores no chão
Fazem-me lembrar daquela tarde... decepção.

Ficou muito de você
No som que ouço
De outra sorrindo, desconhecida
E as folhas das árvores ao vento
Fazem-me esquecer que fui amor... paixão, alento.

Onde ficarei eu?
E os amores, os temores meus?
Porque o frio como lâminas de aço
Fere-me o sentimento, zomba de meu passo
E a estrada fica inviável pela nevasca que cai.

Onde ficaremos nós?
Pois é você que não está!
Que não está onde estou, onde o que sou
E o inverno que outrora inspirador
Parece motor, máquina que mói o que dói.

Acho que ficou tudo de você
Em tudo que é meu, em tudo que amo
Toda sua força, tirando o que eu via
Fazendo-me perder cada crença de posse
Fazendo-me volver à cada parada do tempo.

Acho que nada ficou do que eu tinha
Só ficou mesmo você
Que eu nem sei se tive, se retive
Que eu nem sei se esteve
Junto de mim permutando o amor.
POESIA E PRAXE
(Jayme Jr.) - Copyright


Dizem que poesia é inspiração
Que brota do coração
Ou cai do céu como chuva
Repentinamente
Mas dizem também
Que nada cai do céu!
Nem dinheiro, nem flores
Nem favores...
Só mesmo chuva
E ás vezes
De granizo

Sou um ser biológico-social
Não apareci aqui pelo acaso
Eu não caí do céu!
Mas a inspiração
Que procuro para meus poemas
Se cai do céu
Só cai quando a busco
Quando uso de esforço
Mental, espiritual
Quando avanço
Quando danço
A dança da tal chuva
Quando eu mesmo ponho
A luva da inspiração

Se há um espírito de poeta
Que toma minha mão
Minha emoção
Não sei...
Eu só sei que tenho que peneirar
Separar...
Não só palavras
Mas idéias também.
Pois minha mente
É um continente
Um vasto mundo sem fronteiras
Como corredeiras
Indo em direção do mar.

Quando descobri
Que não apareci aqui pelo acaso
Quando aprendi a ponderar
E percebi
Que o edifício, o jardim, a alameda
Também não apareceram aqui pelo acaso
Aprendi
Que é preciso muito mais
Que esperar que chova
É preciso ribombar os tambores
É preciso permutar cores
Considerar valores...
E entrar na dança da chuva.


sábado, 16 de agosto de 2008

ELEGIA DE UM PESCADOR
(Jayme Jr.) - Copyright


Levantei-me antes do amanhecer
Depois de amar minha doce alemã
Mirei o mar pra que pudesse ver
O nascer daquela cinza manhã.

Juntei as redes mas fiz diferente
Hoje era ela que iria comigo
Ao barco entramos, mulher persistente
Amantes que não temiam perigo.

Já outras vezes me fez companhia
Junto à ela, maior a emoção
Mas naquela manhã o céu me traía
E desconhecia meu coração.

O vendaval veio e trouxe o terror
A morte levou-a à profundeza
Seus olhos azuis, do mar mesma cor
Fizeram-se um naquela braveza.

Ah! Tempestade demente... tão breve
Alguns minutos... sua vida levou
Rouba de mim inda hoje e me deve
A vida de quem só me deu o amor.

Quando eu deixar novamente a praia
Quando eu sair para o meio do mar
Talvez não haja tempestade que caia
Nem querubins que me façam voltar.

Ó golfinhos, sei que sentem meu pranto
Leve-o e me tragam de volta um afã
De eu conseguir do oceano outro tanto
De estar pra sempre com minha alemã.



MARUJO INTERNAUTA
(Jayme Jr.) - Copyright


Navegar é preciso
Sem necessariamente as baleias matar.
Navegar é preciso
Sem necessariamente permitir
Que o navio se quebre
E apareça uma repugnante mancha de óleo
No azul das águas do mar.
Navegar é preciso
Sem que necessariamente se eleve
A economia acima da vida,
Da fauna,
Da importância do ar.
Navegar é preciso
Nesse mundo impreciso
Que ainda subestima
A flora silenciosa que clama
E que chama ao zelo.
Navegar é preciso
Por entre esses bancos de dados
Desse mar de informações
Desses encontros e desencontros virtuais
Onde é possível aprender, educar
Onde é possível amar.
ENFIM, VOCÊ
(Jayme Jr.) - Copyright


Já não há mais chuva
Já não há mais vento
Nem mesmo há o tempo
Que me separava de ti.

Já não há em mim
Falas não ditas
Nem frases medidas
Por receio de ti.

Não há mais reticências
Nem a pergunta: será?
Não há mais dúvidas, resistências
Nesse nosso encontro, nesse nosso olhar.

Oque há, o que existe agora
É a certeza... vontade que cora
A minha cara sinsera.
Por isso, sem que eu queira, isto me desespera...

O que há então é o que faltava
Confiança em ti, nas tuas palavras
O que há é paixão, amor
E o desejo de para sempre tomá-la nos braços...
EM MEIO Á TUDO O SILÊNCIO
(Jayme Jr.)

Eu olho para o mar
Eu olho para o céu, respiro o ar
Eu olho as montanhas
Estonteantes, tamanhas
E me acalmo nos braços do silêncio.

O silêncio que sabe, que foi
O silêncio que é, e que depois
De tudo envolver, debulhar para bem
De seu perfume deixar
Separa-se só pra ser silêncio.

Eu mergulho nas águas, nos sonhos
Sinto amor, experimento o gosto
Das frutas, da terra de chuva
Retrocedo em meus atos...
É essa agitação... mas também o silêncio.

O silêncio... constante, e movimento
E num lamento perplexo eu me aquieto
Feito uma semente, um feto
Capaz agora de sair, explodir para bem
O silêncio que é, que tem... me faz isso.

O som da cascata em meio ao silêncio
E o som dessas flores sob os raios do sol
Faz o silêncio eu ouvir o bater
Do meu coração na emoção.
Sons, sons que se ouve num pseudo vazio.

Eu olho paro o invisível
Para o que sobrou de ruído débil, inteligente
Eu olho para o amor agitado mas calmo
E o silêncio se diz existir para empre
Diz-se ter sempre existido, no tudo existente.

EU TE AMO
(Jayme Jr.) - Copyright

Eu te amo
Como todo enamorado
Ama a sua amada.
Teu rosto, teus cabelos
Teu corpo
Enfim não há mesmo nada
Que eu não ame em você.

Eu te amo, eu te quero
Venero cada significado
Que resulta em você
Cada pedaço que de você
Fora ou dentro do tempo
Existe, persiste
Em projetar-me você.

Eu te amo
Mesmo se não houver mais amor
Na terra, no mar, nos sonhos
Mesmo se acabar os casais
De enamorados, apaixonados por aí
Mesmo se de repente as flores
Perderem seu perfume, suas cores
Eu te amarei, eu te amo.

Eu te amo do jeito que estou
Do jeito que eu estiver
Sendo eu mesmo, ou um qualquer
Sendo o poeta que sou
Ou que nem sou
Eu te amo nesse amor
E já não sei o que fazer, ou não fazer
Eu te amo, é o que sei melhor dizer.

Eu te amo agora
Depois de ter achado, tachado
Desprezado tua altivez
Mas tua grandeza, delicadeza, pequenez
Fez-me ver, tua humildade
E uma porção de verdade em você
Enamorei-me, apaixonei-me, você vê?
Eu te amo.

ESPERANDO TUA VOLTA

(Jayme Jr.) - Copyright



Onde está você?
Que não vem
Que não veio
Que me partiu ao meio
Quando partiu.

Eu estou aqui sempre
À espera
À deriva em meu sentimento
Talvez por ser por demais alento
Talvez por esse tempo
Mas aqui estou sempre.

As ondas do mar
Troxeram-me uma garrafa
Dentro dela um escrito... insignificante
Brincadeira de infante
Pensei em ti... brincadeiras no mar, lembra?

Então, num lamento profundo
Pedi aos deuses, ao mundo
Que despertassem você
E que você venha
E que você volte
Por mar, ar... por sorte, mas venha.

Onde está você?
Lembre-se do que fomos, do que somos
E volte!
Espero-te em meio á plantações
Em corações que fecundamos
Em corações que cultivamos. Volte!