terça-feira, 25 de novembro de 2008

PLANETA FERA
(Jayme Jr.) - Copyright


Aqui pela face da Terra
No alto, nos ares, lá em cima
A esfera azul, linda, pequenina.
Litosfera, hidrosfera... a Terra
Mãe humana que ainda é fera
Um pouco longe do planeta Paz.

As cores nela são tão múltiplas
Os montes, os veios dela tão velhos
Mas velho mesmo é o mar
Esse segundo mundo que espera
A calma aqui em cima na Fera.
Terra, coincidência mera? Mera Terra?

Vê que diante de tudo que sobra
A Terra não é velha, é nova
E quem me dera poder decifrá-la
Tê-la inteira nas mãos, no coração
Com todos os esforços nela em mim
Continuaria curioso assim, por ela.

O que hoje essa Terra não gera
Depois que humana ela se tornou?
Até possível foi ela ver a si
Lá do espaço sideral... bela, flagela.
Necessitando ser mais ela
Pra que a inteligência nela o seja.

Aqui pela Terra... a biosfera.
Na tela de computador a Fera.
A Terra precisa viver, respirar
Sem que sempre precise sacudir
De si terra suja, lixo espacial
Planeta Fera sim, mas livre do mal!


sábado, 22 de novembro de 2008

A EMOÇÃO A PASSAR
(Jayme Jr.) - Copyright


Tudo é emoção
Música que toca no rádio
A que toca do coração.
O vento de Pessoa a passar
E o desejar de um beijo.

Ás vezes estou mudo
Em pensamentos retido
E uma onda, um calafrio
Um veio, um rio
Passa pela minh’alma.

Quem sente a emoção
Está confinado a entender
O que nunca irá saber
Por inteiro, de uma vez.
Sua sina: amar, doer, sofrer...

Passou por plantações
Na particularidade
A emoção que dá certeza
Da existência do não privado
De que estamos todos ligados.

Como pra sempre é um beijo
Um abraço e olhares
Sei eu que emoções
Estarão soltas nos ares
Num luminar de inspiração.



sexta-feira, 21 de novembro de 2008

SOU LUZ QUANDO VOCÊ
(Jayme Jr.) - Copyright


Hoje estive pensando em você
Como estive pensando ontem
Não sei se assim pensarei amanhã
Já que intensas as coisas vão se tornando
E os dias enfraquecem o resistir.

Ontem estive pensando em você
Como estive pensando antes
Como é que pensarei em outra?
Outra é sempre outra, e você é outra
Outra manhã, outra vida em mim.

Decidi, não vou mais pensar
No que pode, poderia ser
Não vou mais pensar em você!
Não, não pensarei mais
Não mais... até o dia amanhecer.

Não quero mais com você isso, aquilo
Aquela outra é outra, não é você
O outro sonho é outro, não é o nosso
Mas querer você, acho que inda posso
E continuo te olhando, sonhando.

Por que fui me dar esse presente?
Por que escolhi viver tão demente?
Meu coração é luz e escuridão
Luz quando você, escuro quando eu
Ontem quando eu, amanhã quando você.


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

HORIZONTES
(Jayme Jr.) - Copyright


Não me entendo ainda
Pois sou calmaria
E ao mesmo tempo a ventania
Que me leva
Que me entrega á tempestade.


Não me conheço por completo
Pois o completo inexiste
Na minha vida, no coração
E nunca sei eu
Quem separou, onde ficou...


Não me diz respeito
Certas coisas no horizonte
Que não entendo e nem quero
Mas que tolero se necessário
E procuro entender...


Não me conheço, nem a ti!
E amanheço nesse mar
Onde aprendi que é melhor
Não fazer muito, assim deixar
Creia também naquela força...


E veja á mim
Que mesmo desconexo; descompasso
Estando assim pela metade
Consigo ver no horizonte
Outro horizonte que cresce a cada passo.




sexta-feira, 14 de novembro de 2008



JOÃO NINGUÉM
(Jayme Jr.) - Copyright


O dia nasceu
O sol percorreu
O seu caminho.
Passarinho a voar
A voar passarinho
Eu aqui só
Desde cedinho.


Um dia tão cheio
Tão cheio esse dia
De devaneio
De melancolia.
De estar saturado
De viver só assim
Dia afora: tudo ruim.


Dia e calor
O calor do dia
Um dia de fogo
Era o que parecia
E quem do meu lado
Comigo vivia
Foi-se de mim:e ria...


Ah! Isso não passa!
E a noite chegou
Onde é que estou?
Na rua ou na praça?
Oh! Quebraste uma asa
Desse João de Barro
Que nem tem mais casa.




terça-feira, 11 de novembro de 2008

Conto classificado em 2° lugar no Concurso “Dia dos Namorados” da Biblioteca Municipal João XXIII de Mogi Guaçu – 2006.



O CORAÇÃO E A RAZÃO NA IDADE DO AMOR

(Jayme Junior) - Copyright



Noemi apertou a campainha do ônibus. Tinha visto pelas janelas a agitação lá fora e sabia muito bem do que se tratava. Desceu num ponto bem antes do habitual. No meio da multidão de jovens estudantes com os rostos pintados de verde-amarelo viu alguns de sua sala. Olhando mais um pouco, reconheceu sua amiga Mila.
Perdendo totalmente a inibição ao lado da colega, deixou-se pintar o rosto, e junto com os demais adotou a palavra de ordem daquele momento gritando com todas as forças de seus pulmões: “Fora Collor!”.
A multidão desceu a rua e entrou na grande avenida tornando dificultoso o trânsito de veículos e chamando a atenção dos demais. Ao chegarem na praça determinada, juntaram-se a uma multidão maior, misturando-se, aumentando assim a quantidade de pessoas ali concentradas.
Um caminhão com a carroçaria aberta transformou-se em palanque. Logo colocaram em funcionamento a aparelhagem de som e tocava-se continuamente no maior volume possível a música de Caetano Veloso, “Alegria, Alegria”.
Alguns políticos locais discursaram. Bandeiras do Brasil e de partidos políticos tremulavam nas mãos de seus filiados como também nas mãos dos estudantes caras-pintadas.
No meio de tanta música, discursos aos berros, “Alegria, Alegria” de novo, gritos de “fora Collor”, um jovem aproximou-se de Noemi e Mila com uma bandeira nacional grande, a maior que se podia ver ali. Apresentaram-se, conversaram, até que ele pediu que as duas garotas o ajudasse a agitar a bandeira, imensa para apenas uma pessoa faze-la vibrar.
Um homem aproximou-se dos três jovens, depois souberam que era um vereador da cidade, e convidou-os a subirem no palanque para de lá agitarem a grande bandeira, com a finalidade de que fosse vista por mais gente possível.
Agora no palanque improvisado os três jovens juntamente com políticos, presidentes de associações de estudantes, alguns professores, dirigiam a manifestação, cantando nos microfones, gritando palavras de protesto, e agitando bandeiras.
Quase noitinha, fim dos protestos. Foram os três para um dos botecos dali matar a sede. Muita gente! Conseguiram uma mesa e sentaram-se. Continuaram a conversar, conhecendo-se mais.
Mila percebendo que Evandro simpatizava-se de uma maneira especial com a amiga, procurou em alguns momentos deixa-los a sós sentando um pouquinho em cada mesa, onde havia conhecidos. Alguns amigos de Evandro paravam em sua mesa também, conversavam rapidamente e saiam.
Noemi e Evandro trocaram seus telefones. As meninas despediram-se alegando que o horário já havia se estendido demasiadamente. Passado alguns minutos, Evandro as alcançou. Elas esperavam o ônibus para casa.
O ônibus parou após o sinal dado por elas, os três subiram; também outras pessoas que ali aguardavam-no. Noemi e Evandro sentaram-se num mesmo banco e Mila à frente deles.
Noemi inclinando-se ao banco da frente reclamou com Mila dizendo que ficaram muito tempo no bar e que com certeza sua mãe iria dar-lhe uma bronca, mesmo tendo telefonado do bar para casa. Mila virou-se, sorriu para a amiga e disse que devia ela se lembrar que já era uma garota responsável, pois já tinha dezessete.
Mila desceu no ponto de costume, não sem antes brincar com Evandro dizendo-lhe que tinha ele a missão de entregar sua amiga sã e salva em casa. Ele concordou sorrindo.
Já havia caído a noite, Noemi disse ao rapaz que a sua parada aproximava-se. O ônibus agora com bem menos gente encorajou Evandro que rápido beijou forte Noemi nos lábios. Beijaram-se novamente... enamorados... e mais uma vez, mesmo ao balanço do coletivo que corria bem.
Noemi levantou-se, apertou a campainha. Evandro levantou-se também, beijou-a novamente trazendo-a junto de si com um braço. Beijou-lhe as faces rosadas, as sobrancelhas... até que o ônibus parou e as portas se abriram. A moça desceu e o rapaz seguiu viagem.
Tinha ele que parar próximo à estação do Metrô e tomar o trem para casa, pois aquele ônibus não passava por seu bairro.
No trajeto de volta o rapaz pensara muito na garota, em tudo que
acontecera. Baixinho, dizia pra si mesmo a todo o momento: “Que linda! Que Linda...”
Passaram-se alguns dias. Noemi recebeu o telefonema que tanto esperou! Conversou por mais de duas horas com Evandro, o que deixou sua mãe irritadíssima.
No mês de Agosto daquele ano de 1992, encontravam-se sempre na saída do colégio, e logo já estavam firmemente namorando.
No dia 7 de setembro depois de assistirem ao desfile cívico em comemoração á independência, ele foi apresentado aos pais da moça e acabou ficando para o almoço.
No dia 29 do mesmo mês a Câmara em Brasília autorizou a abertura do processo de impeachment contra o presidente Collor. Logo após a votação a favor do processo que levou à renúncia do presidente em dois de outubro, Noemi, Evandro e Mila saíram mais uma vez com os rostos pintados, juntamente com uma multidão de manifestantes. Comemoravam extasiados a decisão do Legislativo. Tudo se repetia: hinos, gritos de ordem contra a corrupção, fogos, bandeiras... iam eles tomando conta das ruas e avenidas, terminando as concentrações á noitinha.
Voltando para casa, vinham discutindo sobre a iminente queda do presidente da república. Evandro dizia a todo momento que na próxima aula não deixaria de prestar contas com Emílio, professor de Matemática que durante todos os meses em que se desenrolava o escândalo político, dizia não acreditar que o presidente perderia seu mandato, alegando que no Brasil a corrupção jamais seria punida.
Noemi e Evandro jamais se esqueceram daqueles dias de passeata, de manifestações políticas que aconteceram por todo o país. Ela sempre diz a Evandro, hoje seu marido, que viver naqueles dias não era muito diferente de viver nos agitados e famosos anos sessenta, os anos de seus pais. Nunca esquecem, quando a conversa é impeachment do presidente Collor, de criticarem alguns críticos “intelectuais” da imprensa que fizeram naqueles dias irônicas citações contra os estudantes secundaristas caras -pintadas, na TV, nos jornais, dizendo que estes saíam às ruas mais para arranjar namorados do que para fazerem realmente política. Noemi sempre diz: “Ora, como milhares de jovens saindo nas ruas do país numa manifestação política genuína não haveriam de encontrar a sua outra metade ? Eu encontrei o meu amor e ainda ajudando a derrubar um presidente corrupto! A História não poderá jamais omitir a importância dos caras-pintadas naquele momento tão importante que o país vivia...”
Mila que ainda é amiga de Noemi, quando visita-lhe, ao conversarem sobre política, diz que esta pode considerar-se feliz por ter participado diretamente de um dos fatos mais importantes da vida nacional, e nunca se esquece de acrescentar o fato da amiga ter conseguido arranjar um namorado naqueles dias, namorado que tornou-se seu marido e pai de seus filhos: “Nô, eu queria tanto ter conhecido o Pedrinho naqueles dias também!”.
As músicas que fizeram sucesso naquele tempo e que eles ainda ouvem de vez em quando são “Alegria, Alegria” do Caetano, e “Eduardo e Mônica” do Legião Urbana. E nessa música do Legião, há uma frase curiosa que diz: “E quem irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?”

--------------------------------------------------------------------------------------

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O ÚLTIMO ESCRITO
(Jayme Jr.) - Copyright


Tudo é perfeito quando te vejo
Mesmo sem beijo, sem abraço
Vejo o que não vejo quando sozinho
Coisas que só vejo quando te vejo
Quando te beijo á distância.


Tudo é tão puro e tão prematuro
E sei, pureza é algo tão relativo.
Muitas vezes a vemos onde não vêem
Mas vejo outras coisas também
Só quando te vejo e te beijo á distância.


Acho que você é um espelho
Retrovisor de clara reflexão
Talvez quando a vejo, vejo á mim
Meu passado, o que ficou pra trás
Elas, ela, seqüelas e paz.


Eu já não sei mais de mim, chorei
Eu já não sei mais de ti, mas te achei.
E agora tenho feito o que não devia
Passado por cima de tudo
Sobretudo do que é meu - por você.


Já disse que não poderia mais
Em outro escrito lido por ti.
Eu já disse que estou indo embora
E o que me importa agora é me encontrar
Então por favor me deixe - é hora!




quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O AMOR EM SI
(Jayme Jr.) - Copyright


O amor em mim
Ciclos? Permanente?
Cavaleiro Andante
É cristal é diamante.

O amor de mim
Tem, terá como teve
A poesia, canção triste
À mim demente como estive.

O amor em si
Espera-me! Quem sabe
Saia eu de mim a procurar
Outr’alma gêmea se é que há.

O amor de ti
Como outros foi incapaz
De entender que o amor em si
Contigo é se comigo estás.

O amor de ti
Como outros não pôde ver...
E o amor em si
De nós passou pra sobreviver.




segunda-feira, 3 de novembro de 2008

CIRCUITOS DO TEMPO
(Jayme Jr.) - Copyright


Eis a rapidez de um olhar
Que canaliza ao coração
A vontade, a emoção
A curiosidade de saber como é
De saber quem és, e se é possível.

A rapidez dos meses, horas
Deixa na estrada do tempo
Olhares, palavras, taras
E a vontade de eternizar
No tempo o vento, corpos, caras...

Um beijo que completa décadas
Um abraço que poderia ter sido
Um beijo, um convite, um início.
E a capa de chuva que te emprestei
E a chuva que cai diferente, sempre.

Frieza, palavras-bombas também ficam
E há quem acredite que é impossível
Num possível reencontro trazer de volta
O que é bom, o agradável; concertar
Pois que o tempo é veloz, e infinitos nós.

Há então uma chance que paira
No vento, nos anos que tecemos nós
Nas horas que passam, que virão.
Oportunidade de ver, de saber
Que somos deuses do tempo, da criação.


sábado, 1 de novembro de 2008

O QUE FICOU?
(Jayme Jr.) - Copyright




Os buquês que te dei
Verdadeiros...
Da beleza deles o que ficou?
Dos meus beijos molhados
Do meu coração, do meu amor
o que ficou?



Porque se algo ficou
para ao menos fazer sorrir
do que sobrou do nosso dia, naquela noite
eu quero saber
eu quero viver
eu quero que você
comigo compartilhe.



Das cartas de amor do começo
o que sobrou?
Podem elas ainda estarem
conectadas, simultâneas
em datas tuas, datas minhas?
Viraram já elas cinzas da parte daí?
Porque da parte daqui
elas repousam como pedras no rio
como sal nas rochas.



E as palavras, sim das palavras, aquelas...
Pelo menos terão elas ficado?
Viajens, jardim, nossas casas...
As gargalhadas, alegria nos momentos á sós...
Do que sobrou quero guardar.


Nossos momentos...
Vou procurar, eu vou colher
Quem sabe sirvam para algo?
Quem sabe eles possam
Ao menos nos dar sentimentos bons?
Mesmo eu estando aqui
e você estando aí.




TALVEZ, MEMÓRIAS
(Jayme Jr.) – Copyright



Não sei porque ás vezes
Sem que eu queira, involuntário
Penso em você
E te desejo como nunca!


Mesmo não te amando mais...
Ou será que ainda te amo?
Ou será só minha memória
Que me traz de volta ao coração?


Não sei direito, mas duma coisa sei:
É que nessas lembranças
Tenho-te novamente...
Agora numa outra dimensão.



E nessas, talvez, memórias
Vejo o quanto estou preso e você presa
Á leveza do que foi nossa Emoção
Vejo o quanto ainda nos pertencemos...


Mas infelizmente eu não sei
Quantos anos ainda passarão
Até que você se ponha como o sol
Ou até que minha memória comece a falhar.


O PERDÃO
(Jayme Jr.) - Copyright



Por que devemos perdoar?
Porque somos seres inteligentes emocionais.
Nada diferente um do outro, mas iguais.
Capazes de coisas grandes como amar
E capazes também de inocentemente
Ferir, mal-tratar, magoar.

Por que temos que pedir perdão?
Porque ofendemos inocentemente, ou não!
Na nossa busca do saber, conhecer.
Na nossa capacidade de criar fóruns
Entre nós mesmos pra experimentar
À fim de se chegar à nossa própria tese.

Mas somos oriundos da mesma Fonte
Da Fonte do saber, do conhecer.
Trazemos conosco um amor imenso
Para compartilhar, permutar... conhecer
Não num fórum de debates
E sim numa relação pura de dar e receber
.